Dólar opera em forte alta e encosta em R$ 6,10 em meio à guerra global de tarifas; Ibovespa cai
Na terça-feira (8), a moeda norte-americana teve alta de 1,47%, cotada a R$ 5,9973. Já o principal índice da bolsa brasileira recuou 1,32%, aos 123.932 pontos.

O dólar opera em forte alta nesta quarta-feira (9) e voltou a ser negociado acima de R$ 6, com o mercado reagindo à guerra global de tarifas iniciada pelos Estados Unidos e intensificada com as retaliações chinesas.
Por volta das 10h20, a moeda americana era negociada a R$ 6,05. Mais cedo, porém, o dólar encostou nos R$ 6,10.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em baixa.
Nesta manhã, o Ministério das Finanças da China anunciou que vai impor tarifas de 84% sobre os produtos americanos — uma alta de 50 pontos percentuais sobre os 34% que já haviam sido impostos na semana passado.
Essa elevação das tarifas pela China é uma nova resposta aos EUA, depois que o presidente Donald Trump decidiu retaliar a retaliação chinesa. (entenda mais detalhes abaixo)
• Tarifaço de Trump: China pode desvalorizar a própria moeda para exportar, avalia Meirelles
- Hoje, entraram em vigor as tarifas de 104% para a China cobradas pelos EUA. Além disso, também começaram a valer todas as tarifas recíprocas anunciadas por Trump na última semana, com taxas de 10% a 50%, sobre os mais de 180 países que o presidente afirma que têm déficits comerciais com os EUA ou dificultam o comércio americano.
Os temores de que o mundo passe por uma guerra comercial mais profunda faz os mercados voltarem a derreter nesta quarta.
Com as tarifas nas alturas, especialistas explicam que a inflação pode acelerar com força nas maiores economia do mundo e gerar uma forte redução no comércio internacional e no consumo da população — o que pode impactar o mundo todo e levar a um período de recessão econômico.
💲 Dólar
Às 10h20, o dólar subia 1,07%, cotado a R$ 6,0612. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0961.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,47%, cotada a R$ 5,9973.
Com o resultado, acumulou:
• alta de 2,77% na semana;
• ganho de 5,11% no mês; e
• perda de 2,95% no ano.
📈Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,52%, aos 123.290 pontos.
Na véspera, o índice teve baixa de 1,32%, aos 123.932 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
• queda de 2,61% na semana;
• recuo de 4,86% no mês; e
• ganho de 3,03% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O grande destaque do pregão desta quarta é, mais uma vez, a guerra tarifária entre China e EUA.
O anúncio da nova tarifa de 84% cobrada pela China sobre os produtos americanos acontece no mesmo dia em que entra em vigor uma tarifa extra de 50% sobre as importações chinesas que chegam aos EUA — o que elevou a alíquota total do país asiático a 104%.
Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas recíprocas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países.a tabela das tarifas recíprocas, que vão de 10% a 50% e serão cobradas, a partir desta quarta, sobre mais de 180 países.
A China foi um dos países que foi tarifado — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao "tarifaço", o governo chinês impôs, na sexta passada (4) tarifas extras de também 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram retaliar a retaliação e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até às 13h (horário de Brasília) desta quarta-feira (8) ou seria taxado em mais 50%, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e disse que estava preparada para "revidar até o fim". A Casa Branca cumpriu a promessa e elevou as tarifas sobre as importações chinesas na quarta e, nesta quinta, a China também manteve a palavra e aumentou a tarifa sobre os produtos americanos.
As tensões crescentes entre os países elevam as incertezas globais com o futuro da economia.
Mais tarifas tornam os produtos que chegam aos países mais caros, o que contribui para um aumento da inflação. Porém, com os preços altos, o mercado teme que também aconteça uma redução nos níveis de consumo da população, além de uma queda no comércio internacional.
Essa expectativa de desaceleração econômica provoca uma queda generalizada nas bolsas de valores do mundo inteiro mais uma vez.
Na Europa, as principais bolsas de valores operam em queda. Por volta das 10h20, o índice Euro Stoxx 50, que reúne as ações das principais empresas europeias, tinha alta de 3,00%.
Na Ásia, as bolsas de valores fecharam majoritariamente em baixa, com exceção da China e Hong Kong, que subiram antes do anúncio da nova retaliação chinesa.
📉 Veja o desempenho das principais bolsas da Europa por volta das 10h20:
• 🇩🇪 o DAX, da Alemanha, caía 2,86%;
• 🇫🇷 o CAC 40, da França, caía 3,14%;
• 🇬🇧 o FTSE 100, do Reino Unido, caía 2,80%;
• 🇮🇹 o Itália 40, da Itália, caía 2,91%;
• 🇪🇸 o IBEX 35, da Espanha, caía 2,28%;
• 🇳🇱 o AEX, da Holanda, caía 3,13%;
• 🇨🇭 o SMI, da Suíça, caía 4,90%.
📉 Veja o desempenho das principais bolsas asiáticas no fechamento:
• 🇨🇳 CSI 1000, da China, subiu 2,21%
• 🇭🇰 Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,68%
• 🇯🇵 Nikkei 225, do Japão, caiu 3,78%
• 🇬🇸 Kospi, da Coreia do Sul, caiu 1,74%
Além da queda nas bolsas, as commodities ligadas ao aquecimento da atividade econômica, como petróleo e minério de ferro — que são muito demandadas quando a produção no país é grande — também operam em baixa e registram os seus menores patamares em anos.
O barril de petróleo gira em torno dos US$ 60 e, durante o pregão, já caiu abaixo desse patamar. Segundo levantamento da XP, esse é o menor nível da commodity em 4 anos, desde meados da pandemia de Covid-19, quando o mundo passou por uma forte desaceleração econômica.
"Além disso, o preço do minério de ferro cedeu para US$ 90 por tonelada, patamar bem abaixo dos US$ 110 que operava antes dos anúncios das tarifas", destaca o relatório da XP.
Como o Brasil é um grande exportador dessas commodities, uma das principais formas de entrada de dólar no país é pela venda desses produtos.
Então, quando há uma redução na expectativa de demanda pelas commodities e seus preços recuam, gerando também menos negócios para o país, há uma menor entrada de dólar, desvalorizando a moeda brasileira.
Créditos: G1
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