Rebeca Andrade diz que papo com técnico a motivou a seguir na ginástica depois de Paris
De contrato renovado com o Flamengo para mais um ciclo olímpico, multimedalhista brasileira ressalta parceria com Francisco Porath: "Ele me conhece por completo"
O ano de 2024 transformou Rebeca Andrade na maior medalhista olímpica da história do Brasil. Mas foi também um período de incertezas para a atleta, que pensou até em deixar a ginástica artística. A ideia da aposentadoria, hoje, já está descartada – tanto que Rebeca renovou contrato com o Flamengo até 2028, de olho no ciclo dos Jogos de Los Angeles. E a motivação para a sequência da carreira veio de uma conversa que a ginasta teve com Francisco Porath, o Chico, técnico da seleção brasileira.
– (O que me fez continuar por mais quatro anos foi) Poder conversar com o Chico, perguntar “a gente tem um plano B?”, e ele dizer “a gente tem um plano B, um plano C, um plano D, todos os planos que você quiser ter”. Isso mudou a minha cabeça. Eu falei depois das Olimpíadas (de Paris) que estava muito cansada, com dores e precisava cuidar do corpo e da mente. Essa vai ser a minha prioridade para o ano que vem. Já estou me cuidando, mas vou me cuidar ainda mais para voltar da melhor maneira possível. O Chico me dá a segurança de que teremos todos os planos para eu continuar vivendo o que amo – contou Rebeca, na coletiva de renovação com o Flamengo, na última quinta-feira (5).
A parceria entre Chico e Rebeca não é recente. Os dois trabalham juntos há quase duas décadas, desde quando a ginasta, hoje com 25, tinha seis anos de idade. Começaram em um projeto de Guarulhos, conviveram por anos no Flamengo e agora se encontram nas atividades da seleção. Com o passar do tempo, o técnico viu a pupila evoluir e empilhar conquistas. Além das seis medalhas olímpicas – dois ouros, três pratas e um bronze – garantidas em Tóquio 2020 e Paris 2024, a atleta faturou três títulos mundiais: dois no salto e um no individual geral.
Por causa dos anos de convívio e do sucesso em competições, Rebeca tem plena confiança em Chico e sabe que o técnico exerceu um papel fundamental na consagração da atleta como referência do esporte brasileiro.
– Chico me conhece por completo. Essa ginasta e pessoa que sou hoje, admirada por tantos outros, vem muito da conversa, do diálogo e da segurança que nós temos para falar sobre tudo – afirmou Rebeca.
Em entrevista ao ge, em outubro, Chico também abordou a parceria construída com Rebeca e outras atletas da seleção brasileira, como Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares. O técnico comentou métodos de trabalho adotados e disse que o cuidado com as ginastas tem aumentado bastante nos últimos anos:
– Os sistemas de treinamento mais antigos eram muito rígidos. Tinham controle de carga, de fim de semana, de sono. Eram duros. Digamos que só ficavam as que aguentavam. Com o tempo, fui percebendo que as meninas precisavam de um direcionamento diferente. Às vezes um abraço, uma folga. Você tem que estar muito motivado, e nem sempre a gente está. Por isso, no dia que elas não estão bem, tenho que aparecer melhor ainda. Brinco que sou o guardião delas. Eu me preocupo, passo na fisioterapia, acompanho tudo e explico por que estamos fazendo cada tipo de atividade.
As mudanças nos sistemas de treinamento citadas por Chico parecem ganhar cada vez mais espaço na ginástica artística brasileira. Competidora do Flamengo desde 2011, Rebeca disse que a relação entre atletas e técnicos do clube se transformou com o passar do tempo.
– O Flamengo está muito diferente de quando eu cheguei. Mas o principal, para mim, é que os treinadores escutam mais os atletas. Temos todo suporte na parte física, de saúde e tudo mais, mas a mudança que os técnicos tiveram com os ginastas foi bem importante. Ver que a nova geração tem isso tão cedo é magnífico – celebrou a maior medalhista olímpica do Brasil.
Fonte: Ge
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