O Aprendiz, dirigido por Ali Abbasi, tem causado burburinho por retratar a controversa história de ascensão de Donald Trump. O filme, que narra a relação de Trump com seu mentor Roy Cohn, chega aos cinemas esse mês e já é considerado um dos filmes mais polarizadores do ano. Por abordar figuras tão divisivas, a produção enfrentou dificuldades para ser lançada, com estúdios de Hollywood evitando se envolver no projeto.

A trama do filme se concentra na relação entre o jovem Trump e o advogado Roy Cohn, que desempenhou um papel crucial na formação de sua abordagem agressiva no mundo dos negócios e da política.

Cohn, um dos advogados mais influentes de Nova York na época, orientou Trump com uma filosofia simples: “Sempre ataque, negue tudo e jamais admita derrota.”

Sebastian Stan e Jeremy Strong lideram o elenco

No papel de Donald Trump, o ator Sebastian Stan assume o desafio de interpretar uma figura pública tão polarizadora. Segundo ele, “havia algo no homem que precisava ser ouvido”, referindo-se à complexidade por trás da personalidade de Trump.

Jeremy Strong, que interpreta Roy Cohn, também falou sobre a intensidade da preparação para o papel: “Até cruzar aquele Rubicão, há uma certa dose de medo e incerteza.”

Ambos os atores mergulharam profundamente nos personagens, mantendo-se no papel mesmo fora das gravações. Stan relembra que eles nunca se encontravam fora dos cenários de filmagem sem estar caracterizados, uma tática que ajudou na imersão completa nos papéis.

Estúdios hesitaram em assumir o projeto

Uma das maiores controvérsias envolvendo O Aprendiz foi a resistência dos grandes estúdios de Hollywood em distribuir o filme.

A trama aborda de forma direta os primeiros anos de Trump e a maneira como Cohn moldou sua abordagem para se tornar um dos maiores símbolos de poder e riqueza dos Estados Unidos.

A Briarcliff Entertainment, por fim, foi a responsável por levar o filme às telonas.

Segundo fontes, alguns estúdios teriam considerado o filme “muito arriscado” por se aproximar de um tema tão divisivo, especialmente às vésperas de uma eleição presidencial nos EUA.

O diretor Ali Abbasi, no entanto, destacou que sua intenção não era fazer um filme político, mas “explorar a complexidade do sistema de poder americano.”

Cena polêmica e aprofundamento nos personagens

O filme também chamou atenção pela maneira como retrata momentos mais sombrios da vida de Trump, incluindo uma cena que envolve um ato de violência contra sua primeira esposa, Ivana Trump, que gerou críticas desde a estreia no Festival de Cannes.

Embora a cena tenha sido amplamente discutida, os realizadores defenderam sua inclusão como parte essencial da narrativa, argumentando que “era importante mostrar as raízes da personalidade de Trump hoje.”

Para Abbasi, a inclusão dessas cenas visa “mostrar a totalidade do personagem e suas complexidades”. O roteirista Gabriel Sherman, responsável pela adaptação da história, reforça que seu objetivo era encontrar a humanidade nos personagens, mesmo sem justificar suas ações.

Relevância histórica e recepção

Além da exploração dos personagens centrais, O Aprendiz também se diferencia pelo estilo visual, que evoca a estética de vídeos de arquivo dos anos 70 e 80.

O diretor Ali Abbasi afirmou que o objetivo era trazer um tom documental ao filme, já que “Roy Cohn dominava a mídia, algo que ele transmitiu a Trump.”

Por fim, o filme promete dividir opiniões, não apenas entre os críticos, mas também entre o público, que pode reagir de maneira diversa à humanização de figuras históricas tão controversas.

Abbasi, no entanto, não teme as reações. “Acho perigoso temer humanizar as pessoas. O filme não é sobre Trump, é sobre o sistema de poder americano.”

O Aprendiz, que estreia às vésperas de uma eleição, pode ser um dos filmes mais discutidos do ano, e a expectativa é de que provoque tanto debates acalorados quanto reflexões mais profundas sobre as figuras retratadas e seu impacto na história americana recente.